SETOR FARMACEUTICO E INDUSTRIA 4.0

Os sensores já estão mudando o mundo! Parece uma afirmação genérica demais, no entanto, esses sensores - de todos os tipos e para todas as aplicações – são a base da internet das coisas (IoT) e da inteligência artificial. Eles já estão interligando todos os sistemas em alta velocidade, mudando as atividades industriais e automatizando tarefas e serviços. Isso é o que está sendo chamado de Indústria 4.0, também considerada a 4ª Revolução Industrial. Indústria 4.0 deve atingir 21,8% das empresas brasileiras em menos de uma década, como mostra pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Atualmente, o percentual é de 1,6%. Essa é a expectativa, mas como a tecnologia não respeita previsões, é muito provável que em metade desse período o setor industrial farmacêutico já mostre números mais relevantes no que se refere à inovação disruptiva e à ‘sensorização’, até mesmo provocada pela lei da rastreabilidade, entre outras. Essas transformações tecnológicas irão, cada vez mais, aumentar a produtividade, reduzir o custo de produção, maximizar a segurança para o paciente e reduzir os preços de medicamentos. Isso implica em tecnologias da informação integradas, fábricas conectadas e processos inteligentes, com capacidade de subsidiar gestores com informações fundamentais para sua tomada de decisão. A rastreabilidade de medicamentos é um exemplo de iniciativa alinhada com a Indústria 4.0. A conectividade da cadeia de suprimentos deve trazer ganhos a todos, eles seguem a tendência de automatizar tarefas repetitivas que demandam pouco da inteligência humana. É fato que nenhum setor industrial estará fora dessa onda, o que inclui a indústria farmacêutica de maneira muito importante, com grande potencial para uma evolução disruptiva. Na indústria 4.0, os sistemas monitoram os processos físicos, criam uma replicação virtual e tomam decisões descentralizadas com base nos dados levantados pelos computadores, possibilitando a identificação e resolução de erros de forma mais rápida e assertiva. Vale lembrar que o cenário proporcionado pela Indústria 4.0 faz com que o trabalho, que antes era operacional, passe a ser, cada vez mais, automatizado, sendo controlado por inteligência artificial. Nesse contexto, o colaborador passa a assumir um papel mais estratégico, agindo como analista dos dados levantados pelos computadores, podendo tomar algumas decisões com base nas informações coletadas. O mercado farmacêutico mundial movimenta mais de US$ 1 trilhão por ano e o setor sofre com alto grau de falsificações. Segundo a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization - WHO) e o Center for Medicine in the Public Interest, os medicamentos falsificados representam até 10% do total no mundo. Fazendo parte da Indústria 4.0, os sistemas e mecanismos necessários para a implantação da rastreabilidade no Brasil são uma inovação de processos em toda a cadeia da indústria farmacêutica, e isso resultará em transformações positivas em termos de eficiência da gestão e, sobretudo, de segurança para o consumidor, evitando falsificações e o comércio clandestino. A rastreabilidade necessita de um código de barras bidimensional, cuja tecnologia prevê a captura e o armazenamento de eventos necessários ao rastreamento de medicamentos. O maior controle sobre a origem do medicamento também pode ajudar a combater falsificação e roubos de carga. Segundo dados da Gerência-Geral de Inspeção e Fiscalização Sanitária da Anvisa, foram registrados mais de 2.407 roubos, furtos ou extravios de medicamentos no Brasil. Assim, com o código bidimensional impresso na caixa do medicamento é possível consultar sua procedência, além da validade e data de fabricação. A rastreabilidade no Brasil é quase uma realidade, depois de implementada no setor industrial, causará seus impactos também na distribuição e no varejo farmacêutico, o que exigirá soluções e sistemas avançados de todos os elos da corrente no Brasil.

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